sábado, agosto 29, 2009


Deitado na grama, distraia-me com o movimento de nuvens. Fiapos brancos sob um infinito turquesa transformavam-se em coelhos, couves-flores, castelos e telefones – sonhos que davam forma um ao outro e voltavam a ser o que eram e o que nunca foram. Quando meus olhos escureceram, o circo não parou. Uma nuvem especialmente branca dançava como um coelho e num momento de distração saltou sobre minha cabeça. Travessa, agarrou meu cachecol e por mais que eu tenha corrido não consegui recuperá-lo. Passei por campos secos, lavouras e cafezais, desci em buracos, em cavernas e catedrais, mas não fui capaz. Perdi-a na claridade do sol, num pássaro que cruzou o céu. Seu rastro valia tanto quanto o pulo de uma pulga e até minha respiração o fazia sumir.