quarta-feira, novembro 18, 2009



Prometeu, acorrentado no cume, só quer a brisa que acaricia sua queda.

quarta-feira, novembro 04, 2009


A Tempestade

As folhas saltam dos galhos e mergulham no vento. O mundo gira, tudo se movimenta. O cata-vento agita-se como um relógio dentro do peito. Cada partícula viaja rumo a não se sabe aonde, vem do canto donde nunca se veio.


O ar desenha na pele o caminho. Luzes titubeiam no firmamento ao ritmo do não retorno. Não importa o que se faz, o caminho continua: tudo se renova, tudo apodrece... Tudo transmuta... Não para, não para nunca!


O cata-vento sobre as árvores confunde-se numa dança mística.
Os homens saem a dançar, os corpos em água, os risos das mulheres, os gritos das crianças... Tudo cresce de novo, a vida continua nascendo, das fezes, sobre as fezes, nos rastros de sangue, nos corpos dos outros.


Ali perto, dentro de suas paredes, um velho numa poltrona observa a tempestade através do vidro. Sente suas dores cotidianas, olha pela mesma janela como sempre fizera. Bebe um gole do seu chá das cinco e desviando o rosto para dentro ri um riso cínico. Bem agasalhado e escondido da tempestade, ostenta calmo um pensamento petrificado nos lábios.